
Segundo Bowlby (1969), o bebê humano já nasce com a predisposição genética para desenvolver laços afetivos com aqueles que interagem na primeira infância. O nascimento do primeiro vínculo afetivo da criança é concebido como sendo conseqüência de certos padrões pré-programados de comportamento de primeiro semestre de vida (choro, olhar, agarrar-se etc.) terem se tornado focados na figura da mãe ou substituta a partir do sétimo mês.
Chama-se comportamento de apego toda a forma de comportamento que tem como meta a obtenção ou manutenção de proximidade com outra pessoa específica e preferida (considerada mais apta para lidar com o mundo) chamada de figura ou objeto de apego.
Padrões patológicos de comportamento podem existir em qualquer idade e indicam sempre a existência de desvios no desenvolvimento. “Os determinantes principais do curso desenvolvido pelo comportamento de apego de uma pessoa e o padrão pelo qual ele se torna organizado são as experiências que a pessoa teve com suas figuras de apego durante seus anos de imaturidade - quando bebê, criança e adolescente”.
O desenvolvimento do apego, intimamente ligado ao desenvolvimento cognitivo e motor da criança, depende da interação entre maturação e aprendizagem.
2 O Desenvolvimento do apego na criança (0 a 12 meses)
A partir do nascimento até mais ou menos dois meses, o bebê já demonstra orientação e sinalização para as pessoas a sua volta, mas sem preferência por uma figura específica.
Embora a criança não nasça gostando de ninguém, já nasce pré-programada (através do equipamento perceptivo, motor e do choro) para buscar proximidade com os seres humanos que cuidam dela. É a interação sócio-afetiva dos primeiros meses que levará ao apego – vínculo internalizado, que na espécie humana aparece somente na segunda metade do primeiro ano.
A partir de sétimo mês, o bebê passa a buscar ativamente a proximidade de uma ou mais figuras através da sinalização e locomoção. Instala-se rapidamente sinais de apego diferenciado.
Pesquisas revelam algumas variáveis determinantes que apontam as pessoas com quem a criança se apega:
* Rapidez com que a pessoa responde ao choro;
* Prontidão e iniciativa de interação social (brincar, rir, conversar);
* Sensibilidade da pessoa para responder aos sinais da criança;
* Quantidade e natureza de interação entre mãe e filho (prazer mútuo no relacionamento)
3 Funcionamento do sistema de apego
O comportamento de apego é ativado por condições do mundo interno e / ou externo, por exemplo:
* A estranheza e o mal estar em função do cansaço e da doença;
* O medo;
* A percepção da falta de disponibilidade ou responsividade da figura de apego.
A desativação se dá por outras condições, por exemplo:
* Um ambiente conhecido e seguro;
* Uma resposta pronta e receptiva da figura de apego.
O sistema de apego funciona como um termostato que se liga com determinados estímulos e se desliga com outros, exemplo, suponhamos que uma criança de 18 meses está distraída brincando e a mãe sai do ambiente abruptamente.
* O estímulo saída da mãe, liga o sistema de apego; a criança chora, esperneia, quer ir atrás.
* Se a mãe retorna e a atende, ela volta a sentir-se segura.
* O estímulo ser cuidada desliga o sistema de apego – ela volta tranqüilamente a brincar.
A partir dos três anos, os comportamentos de apego tornam-se menos evidentes, quer em termos da freqüência com que ocorrem, como da intensidade. Mas se mantém como parte importante do repertório comportamental do ser humano, durante toda a infância como também durante a adolescência e a idade adulta, quando novas relações de apego se estabelecem.
Curso de Pós Graduação em Aconselhamento - FTBSP
Autora:
Mª Madalena Borges Araújo Psicóloga – Terapeuta de Grupo, Família, Casal e Indivíduo Especialista em Terapia Familiar Sistêmica
Postado por Abner Morilha
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