No início do século XX homem entra em um movimento que foi classificado como Modernidade. Neste movimento se esperava principalmente do mundo das letras e da política que a secularização levasse a humanidade à um novo mundo, livre das crenças e "superstições" e nasce a utopia de que tudo seria construído pela razão.
A promessa da modernidade era de que uma vez que o homem assumisse o centro e deixasse “as praticas irracionais” onde a fé era também inserida, a humanidade rumaria para sua maturidade tão almejada.
O homem neste período realiza um movimento pendular. Ele sai de um extremo e vai para o outro. Ele sai da idade pré-moderna onde o centro era "Deus", e leia-se "Deus" aqui, como a igreja, como organização e instituição, onde ela ditava as regras e emitia conceitos e princípios e qualquer um que se colocasse contra ela, corria o serio risco perder a própria vida.
Portanto, no mundo ocidental quem estava no centro na idade media não era Deus e sim quem falava em nome de Deus. E a igreja falava e sua fala não podia ser repudiada nem contestada. A igreja falava não somente daquilo que era do âmbito da fé, como céu, inferno, redenção, mas, falava também da vida em todas as suas áreas, falava de ciência, cosmologia, antropologia e desenvolvia uma teologia antropológica na qual pregava que índio, mulher e negro não tinham alma. Desta forma justificava-se a exploração do índio, a escravização do negro e uso o da mulher. A igreja se pronunciava em relação a tudo. Por exemplo, a igreja dizia que o sol girava em torno da terra. Que o nosso sistema era heliocêntrico e ai aparece Galileu, Copérnico provando pelo método científico que a igreja estava errada e que seus juízos com relação ao sistema solar e a forma da terra estavam equivocados, a partir deste momento, a igreja começa a ser questionada também com relação a todas as outras questões. Então surge a cisão daquilo que é religioso e daquilo que é secular. Fala-se então daquilo que pode ser provado em laboratório e tudo que se encontrar fora deste método passou a ser visto como irracional e supersticioso.
É importante pontuar que não se pode tratar as questões de fé pelo método científico, pois aquilo que é questão de fé é de fórum intimo. Neste salto entramos então na Modernidade e os “iluministas ou letrados” afirmavam que aquilo que era questão de fé era superstição e as pessoas que acreditavam nisto estavam mal informadas. Neste momento a igreja tem uma reação contra e entra neste espaço da prova cientifica e começa uma “saga” para buscar provas da ressurreição de Cristo e de outras questões bíblicas, ganha então, um espaço grande a arqueologia bíblica onde se tenta desesperadamente provar que aquilo que a Bíblia afirma é verdade e pode se ser provado.
Está é a preocupação maior da igreja neste período.
Nesta ruptura 4 coisas ganham força e evidencia:
1º) Método cientifico
2º) Racionalidade, razão
3º) Mito do progresso
4º) Supremacia do homem
O mito do bom selvagem de Rousseau onde o homem é visto como essencialmente bom por natureza, mas está submetido à influência corruptora da sociedade e que este homem ao assumir o centro por meio da razão e de sua ciência construiria um mundo novo norteia o pensamento da época.
O mundo moderno é o mundo da ordem, onde se sabe mensurar os fenômenos e tenta-se utilizar as ciências exatas para construção deste mundo.
A questão é que neste caminho 2 grandes guerras são gerada. Nossa ciência e conhecimento desencadeiam em um Hitler querendo gerar a supremacia da raça ariana como sendo a mais perfeita e hegemônica de toda a raça. Geramos genocídio, limpeza étnica, miséria e pobreza e isto faz que a própria modernidade entre em colapso e comece a desconfiar de si mesma e esta duvida é o caminho pelo qual despontaria a pós-modernidade.
O que é a pós-modernidade?
É a modernidade tomando consciência que fracassou, ela prometeu, mas não entregou. O mundo que ela planejou e afirmou ser capaz de construir com o uso da razão entra em colapso. Este momento de desconfiança os filósofos chamaram de modernidade tardia, hiper-modernidade, modernidade liquida etc.
Importante pontuar que a Pós-modernidade não afirma que não há verdade ela afirma que a razão humana não da conta de cobrir toda a verdade. Ela diz que a verdade não pode ser objeto de método cientifico. Diz que ela precisa de outra verificação epistemológica. A Modernidade dizia é pela ciência e pela razão. A pós-modernidade diz não é possível está mensuração, a verdade é muito maior do que a razão pode dar conta.
Tudo isto vai gerar discursos muito interessante:
Na pré-modernidade se dizia: Está é a verdade...
E se perguntava:
- Quem diz?
- A igreja...
- Upss!! Então tudo bem.
Na modernidade se perguntava:
- Quem diz?
- Fulano...
- Prove... Prove racionalmente que é a verdade.
Na pós-modernidade se diz:
- Quem diz?
- Sicrano...
- E dai? Esta é a verdade dele a minha é diferente.
Interessante lembrar a resposta de Pilatos a Jesus. No evangelho de João capitulo 18 versos 37 e 38, Jesus afirma que Ele veio dar testemunho da verdade e que todo aquele que é da verdade ouve a sua voz em reposta Pilatos levanta cinicamente uma das maiores duvidas filosóficas que marcou a história: “Que é a verdade?” Me faz pensar que Pilatos busca "O que" e Jesus se declara "QUEM". Ele personifica a verdade.
Portanto na pré-modernidade a Igreja estava no centro, na modernidade o Homem estava no centro e na Pós-modernidade a subjetividade é quem assume o centro.
O desafio teológico e do aconselhamento é tentar dialogar com o homem deste tempo. Repensando nossas estruturas, nossos métodos e conceitos, sem perder a essência e entregar a Água Viva em um copo que esta geração possa beber.
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