De acordo com May o objetivo da psicanálise era reunificar a vida mental, trazendo o conflito do inconsciente para a consciência. A partir desta ênfase muitas pessoas acham que o individuo será tanto mais saudável, quanto mais unidade alcançar a integração em sua personalidade. Jung enfatiza a unificação da consciência do individuo a vários substratos de seu inconsciente e a meta adleriana de alcançar a integração do individuo à sociedade dão igualmente margem à interpretação de que a aspiração suprema é a unidade no intimo da mente do individuo.
É certo que a pessoa neurótica sofre um colapso na unidade de suas funções mentais. E orientá-la para um ajustamento efetivo é mais do que desejável. Porém, não é correto dizer que a simples e definitiva unidade no interior da personalidade é o ideal.
Uma unidade final na personalidade humana é impossível e indesejável. Pois a personalidade é dinâmica e não estática, criativa e não vegetativa.
A extinção dos conflitos também não é algo desejado. O foco é transformar os conflitos destrutivos em conflitos construtivos.
Um sentimento de culpa exagerado está muitas vezes relacionado à neurose e a religião não devidamente esclarecida, já inúmeras vezes favoreceu um sentimento de culpa mórbido em seus adeptos.
O sentimento de culpa é uma emoção construtiva e positiva. É a percepção da diferença entre o que uma coisa é e o que esta coisa deve ser. Todos nós experimentamos algum sentimento de culpa muitas vezes ao dia.
A culpa é inerente à condição humana. Por isso o ser humano também é religioso.
A existência do sentimento de culpa prova a existência de uma contradição na natureza do homem. Significa dizer que o homem é tanto da terra quanto do espírito. Quer dizer que se o homem tentar viver somente em termos naturais, como os animais, torna-se neurótico.
E esta tensão é porque o homem deve conter dentro se si a tensão entre dois aspectos opostos do mundo.
O incondicionado e o condicionado. O homem não é uma criatura totalmente horizontal nem totalmente vertical. Ele vive tanto horizontalmente quanto verticalmente. E é a interseção desses dois planos que causam tensão básica no homem.
As religiões do homem provem, segundo May, dessa suprema tensão. Nesse ponto de interseção entre o vertical e horizontal surge no homem o senso dos imperativos morais
Podemos conclui que o individuo saudável deve ter um ajustamento criativo com Deus e que uma religião sadia é indispensável à saúde da personalidade.
È função do aconselhador auxiliar o aconselhando a livrar-se do sentimento de culpa doentio, ao mesmo tempo que o ajuda a aceitar e afirmar corajosamente a tensão religiosa inerente à sua natureza.
Podemos utiliza das teorias psicológicas sem perder a compreensão espiritual do homem. Ao trabalhar a personalidade levando em consideração a liberdade, integração social e tensão religiosa, podemos trazer uma luz maior para o trabalho do conselheiro.
Rollo May. Arte do Aconselhamento Psicológico, Editora Vozes, Petrópolis, pg. 38-64
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